Paulo Coelho - 1986 – O Manual Prático do Vampirismo.pdf

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Manual Prático
O
Manual Prático
Do
Vampirismo
Paulo Coelho e Nelson Liano Jr.
Í N D I C E
I- De como Identificar um Vampiro Numa Relação sexual
II- Da presença do Vampiro em Sonhos e o seu significado
III- Da presença do Vampiro em Sonhos e o seu significado
IV- De Como Suspeitar e Reconhecer um Vampiro
V- Das Diversas Formas que Pode Adotar um Vampiro
VI- Das Diversas Formas que Pode Adotar um Vampiro
VII- De como Agradar um Vampiro
VIII- Da Sedução dos Vampiros
IX- De Como Salvar Alguém já em Adiantado Estado de
Vampirização
X- Orações e Exorcismos para afastar os vampiros
Apresentação
Na noite de 5 de maio de 1985, cansados de uma longa escalada ao cume do Pico da Bandeira, eu e
Nelsinho resolvemos passar a noite num misterioso hotel situado a alguns quilômetros do abrigo de alpinistas.
Nós pretendíamos dormir assim que o jantar acabasse, mas um outro hóspede do hotel mudou nossos planos.
Sentando-se em nossa mesa, sem a menor cerimônia, o hóspede - que se apresentou como um
finlandês, mas cujo sotaque lembrava alguém dos Balcãs - disse que se chamava Flamínio de Luna, e que
tinha lido numa revista uma reportagem sobre meu interesse por vampiros. Afirmou que tinha sido
testemunha de um caso de vampirismo com alguém que amava, e por causa disso havia jurado fazer todo o
possível para desmascarar o mito - criado pelos próprios vampiros - de que tais criaturas não existem. Durante
anos pesquisou suas origens históricas, suas raízes no mundo de hoje, e as fórmulas para identificar e
combater um vampiro. Alto, cabelos brancos, vestido com muito mais elegância do que o lugar ermo onde nos
encontrávamos permitia, Flamínio a todo momento lamentava a perda de Mata Ulm (cuja história vai contada
na Quinta Parte desse livro), afirmando ter sido este seu único amor nos muitos anos de existência. Durante
horas a fio ficamos ouvindo, fascinados, aquilo que nos parecia ser uma grande esquizofrenia, mas uma
esquizofrenia inteligente, onde as menores peças faziam sentido.
No dia seguinte procurei Flaminio de Luna para conversarmos mais sobre o tema, mas soube que ele
havia partido. O caso não teria passado de uma bela história para contarmos aos nossos amigos, quando
recebi - duas semanas mais tarde - o manuscrito de O MANUAL PRÁTICO DO VAMPIRISMO. O pacote,
entregue pelo correio, não trazia o endereço do remetente.
Meses depois, por acaso, encontrei no jornal CORRIERE DE LA SERA uma notícia surpreendente, a
respeito de uma série de assassinatos ocorridos em Palermo, na Sicilia. As vítimas eram encontradas com a
garganta aberta, e sem um pingo de sangue. Apesar das autoridades locais atribuírem os crimes a uma
vendetta da Máfia, grande parte dos habitantes - principalmente os mais velhos - juravam que tudo aquilo era
obra de um feiticeiro, nascido em 1815, e do qual não se tinha notícia de haver morrido. Seu nome: Flamínio
Di Luna.
Pela descrição dos habitantes de Palermo, quero acreditar que o finlandês do hotel e o assassino de
Palermo são a mesma pessoa. Neste caso, Flamínio (ou Flaminius) pertence aquela categoria de pessoas que
se rebelaram contra a própria natureza, mas não tem meios (ou coragem) para se libertarem dela. Fornecendo
a pista correta para sua destruição, Flamínio deixa aberta a porta de seu renascimento.
Mais uma coisa: pedimos ao leitor que se aventurar por estas páginas, que seja muito prudente ao
tentar colocar em pratica qualquer ritual aqui descrito. Depois da conversa com Flamínio de Luna, não me
custaria nada afirmar que os vampiros existem.
PAULO COELHO
PREFÁCIO
Este livro de Nelson Liano Jr. em parceria com Paulo Coelho, que há muito vem estudando este
obscuro setor do ocultismo que é o Vampirismo, é sem dúvida um gratificante exemplo de uma pesquisa séria
para além dos umbrais do materialismo que, dominando e envolvendo o mundo contemporâneo, nele propaga
culturalmente um certo desleixo para com uma missão mais espiritual dos fatos e da vida.
Os autores nos mostram, através da temática que tão bem dominam, quanto o homem contemporâneo
necessita libertar-se da prisão das aparências através de uma atitude mental sadia e guerreira (samurai),
segundo a qual, por sua vontade, possa desenvolver uma condição mais criativa no mundo, sem deixar-se
dominar pelo emocional.
Em boa hora chega este livro, tão necessário ao homem moderno, passível de vampirizar-se a si mesmo
pelo desânimo diante de uma civilização em que vencer significa dominar seus semelhantes, e a revolta dos
oprimidos leva o nome de subversão. Porque vampiro como bem colocam os autores é aquele que nem aceita
carregar sua cruz e viver dignamente e o seu destino evolutivo, nem aceita morrer. Suspenso em um limbo
nem de vida nem de morte, alimenta com a energia do sangue alheio, uma elegante aparência de saúde.
Assim, com forte vigor cultural e poético, o vampiro nos é apresentado, neste livro, como um ser que,
revestido de sua própria solidão rompe esta lei natural do cosmos, que é a constante troca energética entre as
diversas manifestações da Vida.
Pautado em vários anos de estudos e pesquisas, este livro nos adverte quanto aos benefícios de uma
vida sadia, sintonizada segundo um comportamento ético e é um bem-vindo exemplo de que o, para mitos,
insólito enfoque (de um estudo) ocultista, tem uma contribuição prática e filosófica inestimável para a
compreensão do cotidiano, e principalmente para uma corajosa atitude de luta em favor dos mais nobres
valores da humanidade, numa época em que o progresso científico e tecnológico tem lançado o ser humano
diante de um tão grande leque de opções em todos os sentidos, determinando, em função de interesses
políticos e econômicos, um outro tipo de vampirismo, em que certa confusão mental pode levar a uma
indiferença emocional e à descrença, culminando com a atitude de tantas pessoas que é a de temer a morte e
portanto não se engajar na vida, como qualquer vampiro.
Neste "Manual Prático do Vampirismo", Paulo Coelho, resumindo sua trajetória de estudioso
vampirólogo, irmana-se com Jean-Paul Bourre, pesquisador de Vlad Drácula (O Drácula de Bram Stoker) a cuja
contribuição acrescenta imparcialidade, a ele nivelando-se em liberdade de pensamento e conhecimento.
Eu, KAANDA ANANDA, recomendo este livro a todos livre pensadores, - livres para voar e morrer nas
alturas, donde, projetando-se com os raios do sol, venham a renascer cada vez mais luminosos.
Parabéns ao Grande Shogun Paulo Coelho e ao dedicado Nelson Liano Jr.
KAANDA ANANDA
Mensagem
Vampiros
Os vampiros são às vezes bons e às vezes maus. E às vezes bons e maus!
Os vampiros segundo alguns são seres extraterrestres que viajam em discos voadores invisíveis. Segundo
outros, os vampiros são antigos seres humanos sábios, espécie de mandarins-gurus que obtiveram grandes e
eficazes resultados quanto à longevidade, atingindo assim a vida eterna, velha meta dos taoistas e de vários
outros magos tanto do Oriente quanto do Ocidente!
Ainda sobre os vampiros: eles além de serem tão eternos (e nisto realizam uma das metas fundamentais do
marxismo! que segundo Jean Paul Sartre é a meta da conquista das estrelas e a conquista da morte!) são
também o pilar pi-Freudiano da bi-sexualidade!
Os dois autores desse livro são meus amigos, e portanto somos três Vampiros?
E/ ou proto-vampiros que vos escrevem e que declaram em uma Nova Solidariedade!
Vampiros do mundo todo!
UNI-VOS!
JORGE MAUTNER
Da Origem do Vampiro
O vampiro é feito das trevas, e trevas não passam de luz condensada. Daí, é preciso ter bastante
cuidado quando sentar-se com estranhos na mesa, já que normalmente os vampiros são seres que passam
por agradáveis e simpáticos. Chegam sob o pretexto de lhe convidar para alguma coisa, seja beber um copo
de cerveja, seja resolver seu problema de itinerário.
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